Lava Jato: e agora?
Temo muito pelo futuro da Lava Jato, pelos rumos que ela tomará e, consequentemente, pelo futuro do Brasil
Com a morte do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, abriu-se especulações sobre o acidente e acendeu-se a dúvida do “e agora”?
Eu ainda não teria uma opinião formada, mas, convenhamos, foi uma morte “bem-vinda” para muitos. Com certeza o tema inspiraria Agatha Christie, e me faz lembrar até do livro “Assassinato no Expresso Oriente”.
Conjecturas à parte, só nos resta esperar pelo novo ministro que será indicado pelo presidente Michel Temer para depois ser sabatinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e ser aprovado pelo Senado.
Aí é que a coisa pega. O presidente está citado em delações, e é ele quem indica um ministro. Depois o ministro tem que ser aprovado por um Senado cujo próprio presidente está cheio de processos nas costas. Fora outros senadores citados nas delações. É como se desse a chave da cela para um detento tomar conta de outros presos.
Isso é um tanto bizarro na minha humilde opinião. O que eu sugeriria? Não sei. Talvez eleições. Ou os próprios ministros poderiam fazer essa indicação. Talvez fosse mais honesto.
Mas agora há uma outra questão. Com quem deverá ficar a relatoria da Lava Jato? Existem duas regras e os ministros irão decidir por qual das regras a transição irá acontecer. Ou a relatoria seria dada ao ministro escolhido por Temer ou ele seria sorteado entre os ministros que já integram a Corte.
O sorteio me incomoda um pouco. Vai que, por sorte de alguns e azar nosso, o sorteado seja o ministro Dias Toffoli que já foi do PT? Conseguiria ele ser imparcial e votar sem sentimento e alma? Tenho muitas dúvidas.
O certo é que a morte de Teori foi um baque na Operação Lava Jato, um baque para quem esperava por justiça algum dia.
Temo muito pelo futuro da Lava Jato, pelos rumos que ela tomará e, consequentemente, pelo futuro do Brasil.
Sim, pelo futuro, pois mesmo com toda essa mobilização em torno da Lava Jato, com todos esses escândalos já revelados e os que estão por vir — você não tem dúvidas disso, né? –, ainda existem deputados que parecem ignorar os olhos da sociedade e da opinião pública. Por exemplo, o deputado Francisco Floriano (DEM-RJ), que foi até Brasília, no meio do recesso, para exigir a nomeação de um aliado na estrutura federal. Este “ilustre” deputado berrava nos corredores do Planalto que se a Secretaria não resolvesse, a Casa Civil iria resolver. Disse ainda que se não fosse recebido iria chutar a porta dos gabinetes. E ainda bradou que não era “moleque”. Eu pergunto: se não é moleque, é o que então?
O que um deputado, que segundo informações já tenta há dois anos emplacar um apadrinhado ao cargo, tem de ligação com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into)? Quais são seus interesses? Quem ele pensa que é? Mas infelizmente parece que ele levou a nomeação no grito.
Aí você se pergunta: quem tem o rabo preso aqui? Como se nomeia uma pessoa no grito?
Assim como causa estranheza que o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) queira indicar alguém para a diretoria administrativa de Itaipu, e que o deputado Sergio Souza (PMDB-PR) queira indicar alguém para a diretoria financeira de Itaipu.
É por essas e outras que tínhamos que de uma vez por todas limpar a política de pessoas assim. Isso nos leva a refletir que pode entrar Operação Lava Jato e pode sair Operação Lava Jato, e que vamos continuar sendo rodeados de roedores prestes a roubar o queijo na primeira oportunidade.
É triste e é lamentável, mas creio que a Operação Lava Jato apenas deu subsídios para que nossos políticos sejam mais “espertos” em seus atos inescrupulosos.
Temo muito pelo futuro do nosso país. E acho que não será nas próximas gerações que veremos mudanças significativas. Mas torço para que a Lava Jato prossiga em sua árdua tarefa de trazer à tona tudo aquilo que puder ser apurado.
Salve as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambientes fechados