Ghost Ship Football, primeiro time da modalidade na região, disputou nas categorias feminino e masculino contra atletas de Angra dos Reis; Time feminino da cidade venceu em sua estreia
Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba
Um esporte que vem crescendo no Brasil e ganhando mais seguidores e adeptos é o futebol americano. O Caraguá Ghost Ship Football, pioneiro do Litoral Norte e Vale do Paraíba na categoria Full Pad, é um exemplo disso e entrou em campo no último domingo (24), mostrando o preparo e potencial da equipe na disputa contra os atletas de Angra dos Reis. As jogadoras do time feminino fizeram sua estreia numa partida oficial e conquistaram o primeiro lugar. Já o time masculino, depois de uma disputa acirrada, acabou perdendo por 19 a 13.
Este foi o terceiro jogo realizado em Caraguatatuba, sendo o primeiro oficial. Os outros dois, ocorridos em 2015, primeiro ano do time, foram amistosos. Segundo explicou o head coach (treinador) do Ghost Ship, Ricardo Medeiros, este jogo já estava previsto para o semestre, mas em contato com apoiadores, soube da realização dos Regionais. Com isso, foi possível alinhar as datas e as partidas foram incluídas nas modalidades extras do campeonato estadual. Isso, Medeiros, foi muito importante, pois o Estado ofereceu o suporte, como a equipe de juízes do jogo, além dos troféus e medalhas.
Para o head coach, os jogos foram bons e os resultados surpreendentes. No caso das meninas, como era o primeiro jogo delas, ele acreditava que elas iriam bem, mas não tinha a certeza da vitória. “Elas estavam treinando bastante e vieram bem preparadas, mas foi o primeiro jogo, então ainda não sabia como elas se sairiam com outro time em campo. Começaram muito bem e surpreenderam”, disse.
Erika Gobbi, 38, o grupo foi formado há oito meses, mas há quatro está treinando mais firme. Ela explicou que a origem do time feminino se deu a partir dos jogos do masculino. “Muitas de nós vinham para assistir os jogos para esperar o marido ou namorado. Até que resolveram montar um time para nós”, contou. A atleta definiu o jogo no qual venceram com duas palavras “Foi monstrão”.
Para Evelin Santos, 28, que também integra o time, foi perfeito. “A gente esperava ir bem, mas não ganhar, pois foi nosso primeiro jogo”, completou. Sobre ser um esporte violento e não muito praticado por mulheres, ela diz que isso tem mudado e que vale a pena. “Não dá medo. A gente fica com algumas marcas, mas na hora não sente medo. Veste a camisa e vai”, completou.
Andressa Alves Medeiros, 36, é quem ajuda nos treinos das mulheres, que tem idades entre 19 e 38 anos. Mãe de dois filhos e aficionada por esporte, ela é casada com o head coach do time. “O Ghost Ship é uma família, somos muito unidos. Nesse primeiro jogo tivemos muitas faltas, nervosismo e competimos com um time pequeno, quase sem possibilidade de substituição, o que é quase impossível nesse esporte. Mas no fim deu tudo certo”, afirmou.
A treinadora falou ainda sobre a adesão das mulheres. “Ainda temos esse tabu de que é um jogo masculino, mas muitas mulheres estão experimentando e gostando do esporte. Nosso resultado de hoje é um passo grande para a quebra desse paradigma aqui no litoral”, apontou. Andressa afirmou que o time pode receber outras mulheres interessadas em praticar o futebol americano. Para tal, basta comparecer aos domingos, às 11h30, na altura do quiosque 39, onde ocorrem os treinos.
Jefferson Gabriel Roenes da Silva, 18, foi um dos espectadores dos jogos de domingo. Ele conta que passou a acompanhar a modalidade depois de assistir algumas vezes na tv. “Esse é o segundo jogo que assisto. Comecei a acompanhar na tv e achei interessante, por isso quando soube do time da cidade também passei a acompanhar”, concluiu.
Time masculino
Sobre o masculino, no entanto, Ricardo Medeiros disse que o time acabou não atingindo as expectativas nessa rodada, que durou cerca de 2h30. “Apesar de ter pouca informação sobre os adversários, esperava ganhar. Mas acabamos cometendo alguns erros em campo que não aconteciam nem nos treinos. O nervosismo às vezes causa isso”, explicou.
No placar final do jogo, o time de Angra dos Reis marcou 19 pontos, que representam três touchdowns, além de um extra. O Caraguá Ghost Ship Football conquistou 13 pontos: dois touchdowns e um extra. Cada touchdown conta seis pontos. As disputas aconteceram em quatro tempos de doze minutos. Esse tempo acaba sendo estendido devido ser um esporte de contato. Cada vez que alguém cai ou se machuca, o cronometro é parado.
Para Medeiros, não dá pra negar que o futebol americano seja um jogo violento. Apesar disso, com as devidas precauções, dá pra evitar qualquer problema mais serio. Ele também disse que o jogo é democrático e aceita qualquer biotipo. “Tem lugar para todo mundo. O que vai mudar é a posição que cada um poderá ocupar dentro do time”, completou.
O head coach explicou que no momento não há vagas para o time masculino, que já conta com 54 jogadores, mas que deve haver novos ingressos em 2017. “Estamos fazendo em Caraguá o que está sendo feito por aí em relação ao esporte. Está crescendo e os brasileiros estão acompanhando mais as disputas. Somos os únicos no Litoral Norte e Vale do Paraíba Full Pad, que incluem o sholder (ombreira) e o helmet (capacete)”, concluiu.